A literatura indica que os aspectos citados impedem o fornecimento de cuidado e o desenvolvimento da criança e do adolescente. Ademais, esses aspectos demonstram que a família não está fornecendo a proteção de forma assertiva para os membros desse núcleo (Habigzang et al., 2007; Lebowitz, Omer, Holly, & Lawrence, 2013; Moura et al., 2008 citado por Marra, M., Omer, H., & Costa, 2015).
A forma que a violência se manifesta e o modo que é exposta se modificam, mas essas vivências estão presentes nas famílias, modificando a intensidade e a forma da violência. Esse fenômeno não está associado a classe social ou etnia, mas sim, a construção social das famílias.
Alguns estudos indicam que no Brasil ações violentas e maus tratos que ocorrem dentro da família vem crescendo em relação a taxa de mortalidade de pessoas entre 0 e 19 anos. Em 2001, a violência foi responsável pela morte de cerca de 120 mil pessoas e as crianças são as mais atingidas (Ministério da Saúde, 2002).
O cuidado vigilante (CV) é uma forma de fortalecer as pessoas, as relações e o cuidado parental quando há risco ou a existência de violência. Tem uma perspectiva psicoeducativa que precisa da presença dos pais, ou seja, eles demonstram para os filhos que estão prestando mais atenção, cuidado e buscando aumentar o vínculo entre eles.
Esse cuidado visa combinar a vigilância e presença afetiva positiva dos pais para garantir a segurança do filho frente à situações de risco. Portanto, o CV tem uma concepção preventiva e interventiva. Ao mesmo tempo em que a maior parte da violência ocorre no âmbito familiar, a família é também um espaço de enfrentamento dessas questões.
O cuidado vigilante não é uma forma de monitoramento, mas uma forma de aumentar a presença dos pais na vida dos filhos;assim, os pais buscam saber o que está acontecendo na vida dos seus filhos, utilizando formas proativas, exemplificando: conversar com os filhos, acolher o sofrimento e as questões que permeiam suas vidas, conversar com os amigos dos filhos, professores e etc.
Essas ações viabilizam o monitoramento e abrem espaço para o diálogo. Um dos objetivos do CV é restabelecer a relação de confiança mútua e o diálogo aberto, assim, o filho se sentirá protegido. É importante salientar que o foco é que os pais conheçam a vida dos filhos, mas sem empregar uma postura controladora e superprotetora.
O CV prevê que os genitores vão alternar em níveis de atenção, sendo elas: aberta- manifestar interesse não invasivo e afetuoso para com a criança, encorajando o diálogo aberto; focada- se houver sinais de alarme os genitores devem assumir uma postura mais focada, verificando e fazendo perguntas sobre os detalhes das atividades do filho, também precisam oferecer um cuidado especial em reafirmar regras; ou ativa- se os sinais de alerta persistirem, os genitores devem tomar atitudes mais ativas para reduzir o risco.
O CV é um mediador das relações, ajuda no empreendimento de diálogo e estreita a relação entre a díade pais-filhos. Além disso, essa ferramenta considera os efeitos negativos que o controle dos pais pode ter sobre a criança de dispor de sua autonomia. Através do CV é possível que os pais e filhos conversem e expliquem um ao outro o significado que suas vivências possuem, dialoguem sobre seus medos, desejos e expectativas futuras.
As ferramentas para lidar com essas situações de violência pode ser aprendidas pelos membros da família, desde que os responsáveis se impliquem em proteger a si e a seus filhos. Ademais, para aplicar o CV er pode-se contar com o auxílio de serviços especializados.
E vocês adotam uma postura proativa e amistosa para com seus filhos?
Conheciam o cuidado vigilante?
Referência
Marra, M., Omer, H., & Costa, L. F. (2015). Cuidado Vigilante: diálogo construtivo e responsabilidade relacional em contexto de violência familiar. Nova Perspectiva Sistêmica, 24(52), 77-91. Recuperado de https://revistanps.com.br/nps/article/view/160.
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