O que é?
É uma intervenção de apoio aplicada com pessoas sob grande estresse; por exemplo, indivíduos que sofrerem impacto de uma notícia, de um acidente, ou foram vítimas de uma catástrofe e que, possivelmente, estão em um "estado de choque".
Quem aplica a intervenção?
Pode ser fornecida por qualquer pessoa em um lugar a salvo e que preserve a privacidade dos assistidos.
Principal objetivo: proteger os afetados de sofrer mais dano, físico ou psicológico, e acalmá-los. Baseia-se na premissa de que, com o suporte necessário, todos conseguem enfrentar eventos estressantes.
4 princípios básicos:
As técnicas a serem aplicadas dependem dos achados em pesquisas sobre Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT);
É aplicável no campo;
Os assistidos podem estar em qualquer estágio da vida;
É flexível e capaz de ser aplicado em todas culturas.
Quando fazer?
É indicado realizar imediatamente após o ocorrido e, usualmente, é aplicado até 72h após o evento. No entanto, se o primeiro contato acontecer semanas ou até meses após o ocorrido, ainda pode ser aplicado. É importante destacar que, não é uma terapia e nem uma forma de atuação que aprofunde no ocorrido.
Onde fazer?
"Você pode oferecer os PCP onde for seguro o suficiente para fazê-lo. Costuma ser em ambientes comunitários, tais como no local do acidente ou em lugares em que as pessoas afetadas são atendidas, como centros de saúde, abrigos ou assentamentos, escolas e áreas de distribuição de alimentos ou outros tipos de auxílio. Idealmente, tente oferecer os PCP onde houver alguma privacidade para conversar com a pessoa, quando apropriado." (OMS, 2015, p. 6)
Como fazer?
A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2015) postulou 3 princípios básicos de ação: observar, escutar e aproximar. Os estudos de Brymer et al. (2006, citado por Kılıç & Şimşek, 2018) divide a intervenção em 8 passos:
1. Contato
Se apresentar e pedir permissão para falar;
Perguntar o nome, como chegou ali, etc;
Escutar a história da pessoa, sem forçar que conte detalhes;
Ser tolerante com reações diversas (ex: agressão verbal, pessimismo).
2, Segurança e alívio
Promover segurança física (abrigo, comida);
Promover conforto emocional.
3. Estabilização
Quando a pessoa perdeu a capacidade de manejar suas emoções;
Ex: levar a um lugar calmo, dar um copo d'água, possibilitar o acesso às pessoas que eles buscam por ajuda.
4. Recolher informações
Ocorre durante todo o processo;
Necessidades mais importantes e as maiores preocupações da pessoa;
Gravidade do evento experienciado;
Transtornos psíquicos e físicos aparentes;
Histórico do uso de substâncias;
Pensamento do indivíduo de se machucar e/ou causar dano à outras pessoas.
5. Assistência prática
Oferecer assistência para as maiores necessidades;
Dar ideias quanto à novas estratégias de enfrentamento para ajudá-los a se empoderar.
6. Conexão com suporte social
Membros da família, amigos, etc;
Se não tiver suporte, encorajar a buscar pessoas mais facilmente acessíveis e recorrer à leitura para reduzir o estresse.
7. Informação sobre enfrentamento
Como são as reações de estresse e do estresse pós-traumático;
Formas prejudiciais e formas benéficas de enfrentamento.
8. Contato dos serviços de assistência
Telefone e endereço de organizações de ajuda;
Informação do processo de ajuda.
Referências
Organização Mundial da Saúde, War Trauma Foundation e Visão Global internacional (2015). Primeiros Cuidados Psicológicos: guia para trabalhadores de campo. OMS: Genebra. Retirado de https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&view=download&category_slug=prevencao-e-cont-doencas-e-desenv-sustentavel-071&alias=1517-primeiros-cuidados-psicologicos-um-guia-para-trabalhadores-campo-7&Itemid=965
Kılıç, N. & Şimşek, N. (2018). Psychological first aid and nursing. Journal of Psychiatric Nursing, 9(3), p. 212-218. Retirado de https://www.journalagent.com/phd/pdfs/PHD-76376-REVIEW-KILIC%5BA%5D.pdf
Fonte
Universitat Autònoma de Barcelona (2020). Primeiros Socorros Psicológicos. Retirado de https://www.coursera.org/learn/pap
Para ter mais informações sobre o tema, separamos algumas literaturas científicas para vocês:
Braga, A. P. A., Martins-Silva, O. P., Avellar, L. Z., Tristão, K. G., & Ribeiro Neto, P. M. (2018). Produção científica sobre Psicologia dos desastres: Uma revisão da literatura nacional. Estudos de Psicologia (Natal), 23(2), 179-188. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1413-294X2018000200009&script=sci_abstract&tlng=en
Damir Huremović, D. (2019). Psychiatry of pandemics: A mental health response to infection outbreak. Nova York: Springer.
https://link.springer.com/book/10.1007%2F978-3-030-15346-5
Drury, J., Carter, H., Cocking, C., Ntontis, E. Guven, S. T., & Amlôt, R. (2019). Facilitating collective psychosocial resilience in the public in emergencies: twelve recommendations based on the social Identity approach. Policy and Practice Reviews, 7, 1-21.
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpubh.2019.00141/full
Gonçalves, R. S. P. (2020). O trabalho do psicólogo em situações de emergências e desastres (Monografia). Retirado de http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/6573
Hermogenes, M. A. T. (2012). Desastres e emergências: Campo transdisciplinar e gestão em rede – Desafios e contribuições da Psicologia (Monografia). Retirado de https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/123456789/2576/3/20781300.pdf
Pacheco, R. F., & Souza, S. R. E. (2017). A Psicologia junto às políticas públicas em situações de emergências e desastres. Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas, 2(3), 131-149.
http://periodicos.pucminas.br/index.php/pretextos/article/view/14252
Souza, N. L. F. (2017). A atuação da Psicologia em desastres e emergências. Revista da Escola Superior de Guerra, 27(55), 81-93.
https://revista.esg.br/index.php/revistadaesg/article/view/227
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