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Por que a Psicologia é uma ciência?


Hoje o afete-se decidiu trazer uma reflexão nada fácil acerca das questões científicas que rondam a psicologia. Este post, não tem como objetivo trazer respostas de o porquê a psicologia ser uma ciência, mas sim, suscitar a reflexão de qual é a relação da ciência com os campos da psicologia, e a importância desta colocação.

Primeiramente, podemos começar com o questionamento de:o que é a ciência? Francelin (2004), explana que realizar esta conceituação é uma tarefa que até mesmo os filósofos recusam-se a fazer, tendo em vista, a natureza complexa do fenômeno, na falta de acordo entre as definições, e até mesmo, quando estas são feitas, restam-se incompletas (Freire-Maia, 1998, p.24, citado em, Francelin, 2004).

Com estas considerações, o autor apresenta o que ele considera uma descrição simplória do fenômeno sendo um: “ conjunto de descrições, interpretações, teorias, leis, modelos etc., visando ao conhecimento de uma parcela da realidade [...]”, através de uma “metodologia especial”, no caso, a metodologia científica (Freire-Maia, 1998, p.24, citado em Francelin, 2004).”

O que podemos ressaltar, portanto, a partir desta conceituação, é que a ciência possui como objetivo a busca do conhecimento, que se configura como uma verdade, por meio de procedimentos científicos (metodologias especiais) que guiam a construção do saber para ultrapassar os limites do senso comum.

Acerca disso, quando falamos de metodologias especiais, por muito tempo imperou os instrumentos e métodos das ciências modernas (ex. física e química), sendo que colocavam a razão, e procedimentos sistemáticos, seguindo uma lógica matemática, como únicos caminhos para realmente desvelar a verdade sobre os fenômenos. Tendo isto em vista, possuindo como apoio também o texto de Castañon (2009), apresenta-se a evolução científica estendo-se para as ciências ditas sociais e humanas. Seria possível aplicar o modelo de ciência moderna às ciências que se distanciam das características inerentes às ciências exatas?

Dois teóricos das ciências, Kuhn e Popper, introduzem novos elementos na forma de se pensar os processos constituídos no fazer científico. Popper acrescenta a ideia da falseabilidade que elucida que toda proposição para ser científica, deve ser falseável. Este autor, ainda acrescenta que a ciência se desenvolve a partir de revoluções que se renovam permanentemente (Francelin, 2004). A ideia chave é a noção de que nenhuma teoria seria constituída como uma verdade absoluta, mas que o desenvolvimento científico estaria justamente centrado nas tentativas de “falsear” uma teoria. A diferença de Kuhn para Popper, é que o primeiro acredita que as revoluções científicas acontecem apenas depois de um grande intervalo de tempo, ou seja, por um acúmulo de descobertas.

A partir das considerações elencadas acima, é possível adentrar às questões científicas ao campo da psicologia. A própria história deste campo se centra no marco em que ela se consagrou como uma ciência. E qual fator influenciou esta virada na ciência psicológica? O uso por Fechner de métodos sistematizados, seguindo uma fundamentação para medir fenômenos psicológicos. A partir de sua mensuração das percepções dos sujeitos, de diferentes estímulos físicos, foi possível ter uma primeira constatação de que os fenômenos psicológicos poderiam ser mensurados, e estudados por meio de uma equação.

A psicologia, com isso, passou a buscar sair do senso comum, e aplicar métodos especiais, para medir o que até então era considerado imensurável, até mesmo pelas críticas apresentadas por Immanuel Kant na Crítica da Razão Pura (1781/2001, citado em Castañon, 2009), ou no prefácio dos Princípios Metafísicos da Ciência da Natureza (1786/1989, citado em Castañon, 2009). Kant, enfatiza, em sua obra, a dificuldade de aplicar os conhecimentos empíricos a eventos de origem interna que não são observáveis. Mas então como poderíamos estudar os processos psicológicos?

Cabe aqui elencar a crise de cientificidade que é vivido pela psicologia, como pontuado por Castañon (2009). Este autor critica que tanto as tentativas de excluir a influência da ciência moderna nos processos de obtenção dos conhecimentos psicológicos, quanto a utilização dos preceitos científicos de forma fiel e sem considerações do objeto de estudo da ciência psicológica, são prejudiciais para esta disciplina.

Parece então que, a psicologia pode estar em dos processos de revolução como pontuado por Kuhn e Popper, e descobrindo como contornar as dificuldades em estudar os processos inerentes daquilo que não possui uma manifestação empírica, igual os fenômenos naturais, mas que se manifesta como um fenômeno nos universos pessoais de cada pessoa.

Então, por que a psicologia é uma ciência? Podemos apenas dizer que ela busca entender os fenômenos da realidade psíquica, distanciando-se do senso comum, a partir do uso de uma fundamentação sistemática aliada a métodos especiais. Esses devem considerar a complexidade do fenômeno e suas limitações.


Referências


Francelin, M. M. (2004). Ciência, senso comum e revoluções científicas: ressonâncias e paradoxos. Ciência da Informação, 33(3), 26-34. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-19652004000300004&script=sci_abstract&tlng=pt


Castañon, G. A. (2009). Psicologia como Ciência Moderna: vetos históricos e status atuais. Temas em Psicologia, 17 (1), 21-36. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2009000100004


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