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A Clínica dos casos limites

Como hoje é o dia de compartilhar a prática profissional gostaria de relatar a minha experiência com essa clínica. Quando estava na graduação fiz parte do grupo : “ Violência e Psicopatologias na Contemporaneidade- VIPAS, coordenado pela Profª Drª Deise Matos do Amparo e a pós- doutoranda Renata Arouca. Este grupo possui uma parceria com o ambulatório de personalidade do Hospital Universitário- HUB, dessa forma, os estagiários atendem os pacientes que estão em tratamento psiquiátrico.


Em alguns momentos ocorrem reuniões e interconsultas entre psicólogas (os) e psiquiatras. Esse movimento visa oferecer melhor atendimento para os pacientes. Fiz parte

desse estágio por um ano, acredito que tenha sido a experiência mais marcante da minha jornada, já que é uma clínica complexa e apoiada na vertente psicanalítica. Atender pacientes limites é desafiador, pois a demanda é bastante voltada para autodestrutividade. Por isso, é essencial que o profissional cuide de sua saúde mental. Neste sentido para adentrar no estágio é obrigatório está em análise pessoal.


Vocês já tiveram experiência com essa clínica? Sabem o que é a clínica dos casos limites?



Afinal, o que são casos limites?


Hegenberg conceitua que pacientes limites são indivíduos que têm comportamentos impulsivos, também tendem a apresentar instabilidade afetiva, são interpelados por um sentimento de vazio. Comumente se envolvem em relacionamentos intensos e instáveis, o que pode ser um movimento para tentar evitar o abandono. Muitas vezes, essa clínica é marcada pelo autoextermínio e a autolesão.


A angústia nesses casos é a depressiva, relacionada a perda do objeto. Neste sentido, essas pessoas têm a esperança que a relação de dependência é uma salvação para esse vazio existencial. Essa angústia acontece quando a pessoa pensa que esse objeto que exerce função de sustentação pode vir a faltar.


Em se tratando da relação desenvolvida com esse objeto se constitui como anaclítica, ou seja, tem a questão da dependência. Além disso, o indivíduo se apoia no outro, e por isso, deve ser amado. Assim sendo, espera-se que seus desejos sejam satisfeitos e também seja protegido. O luto nessa clínica é impossível. É importante salientar que uma grande aproximação também pode trazer para o sujeito um sentimento de intrusão/ invasão.


Para Bergeret a organização limite surge a partir de vivências traumáticas precoces, isso faz com que exerçam na pessoa uma função desorganizadora. Essa questão impede o complexo de édipo, e a resolução do mesmo de ter um papel estruturador, por isso a pessoa se fixa na angústia da perda do objeto.


Referências

  • Chagnon, J. Y. (2009). Os estados-limites nos trabalhos psicanalíticos franceses. Psicologia USP, 20(2), 173-192.

  • Hegenberg, M. (2009). Borderline (6º Ed). Casa do Psicólogo: São Paulo.

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