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Criatividade: BBB. Proust. Ócio + outras coisas que você só encontra aqui.

Esses dias estava assistindo vídeos do BBB - segredos obscuros sendo expostos - e vi a Manu dublando o Pyong. Na hora me veio um estalo de que aquela brincadeira poderia ser usada em alguma sessão como jogo para os membros do grupo ou da família se apresentarem uns aos outros de forma mais leve. Levantei, escrevi a ideia na minha pasta de técnicas e voltei pro meu lazer - não mais tão secreto.


Contei essa história pras meninas aqui do afete-se e elas falaram sobre a dificuldade em "ser criativa" e eu parei pra pensar porque pros outros parece ser fácil pra mim. Dentro do psicodrama se trabalha muito com espontaneidade e criatividade, confesso que ainda é difícil pra mim diferenciar e conceituar os dois. Então vou usar a palavra criatividade para resumir a ideia de responder a novas situações de forma original e adequada ou dar respostas novas a situações velhas - que é basicamente a definição de espontaneidade. P.S: Moreno acredita que não existem pessoas menos capazes biológica ou comportamentalmente de serem espontâneas, todo mundo tem o mesmo potencial, alguns só exercitam mais que outros.


Percebo que, por muito tempo, me mantive numa caixinha, no início sentia as ideias ali, mas era difícil raciocinar jeitos de colocar em prática e até de compartilhar pelo medo de ser taxada de esquisita. Então sempre dava as mesmas respostas a situações novas ou velhas.

Com o tempo fui me dando mais liberdade de tentar, tive chefes e professores que compraram minhas ideias e me ajudaram a desenvolver esse potencial. Comecei a ter mais segurança em expor essas idéias até perceber que não me viam como esquisita, sim como autêntica.


Falando assim faz parecer muito abstrato e difícil de realizar, mas se você quer tentar, separo aqui de forma didática "passos" que trilho para exercitar a criatividade na vida e no trabalho, lembrando que é o que faço, você pode encontrar outras formas que funcionem melhor para você - e descobrir essas formas faz parte desse processo criativo -.


(1) Se perceba: quem você é no mundo, o que você acredita, o que te mobiliza, o que você quer fazer com essa criatividade que está exercitando.


(2) Perceba o mundo, p. ex: como tudo é afetado quando a fica muito calor. Note as diferenças de humor, na textura da pele, etc, em você e nos outros, reflita se essa temperatura atinge você e os outros da mesma forma ou não. Assim como o calor é mais favorável para algumas árvores e não para outras, o mesmo funciona com os humanos.


(3) Perceba como você usa objetos simples e tente dar novos usos a eles, invente mesmo que de início pareça absurdo, não jogue ideias fora por parecerem impraticáveis, análise essas ideias e o processo que foi chegar até elas.


(4) Comunique-se fora do seu círculo, brinque e entre na realidade infantil. Converse com pessoas que vivem realidades diferentes da sua, troquem experiências de forma aberta. Estude como é o processo de trabalho de outras pessoas. Como foi que a pessoa que inventou x coisa que você curte muito chegou a criar isso?


Continua confuso? Então é porque é mesmo, mas você pode começar com um exercício “simples”. Deite e olhe para o teto, em vez de mexer no celular ou fazer alguma atividade, só deixe os pensamentos passarem, como se eles fossem canais que você pode passar e voltar na sua cabeça. No início pode ser difícil não se prender a um deles, mas vá exercitando esse ócio criativo, pessoalmente é quando surgem minhas ideias mais legais.


Percebo - pessoalmente - a criatividade como uma relação de diversos fatores que engloba sim o raciocínio lógico de saber seu processo de trabalho e o delineamento do que você acredita, mas não só isso. Engloba, também, a consciência de como você e o mundo estão no presente - você está com fome? se estressou? não dormiu bem? bebeu água? como estão suas relações com amigos? e com você? tem alguma crise regional ou mundial que te balançou? como tá o clima? sua percepção de tempo? Mil possibilidades de perguntas, todas as indicações de respostas no aqui e agora.


O sistema em que nos encontramos cobra muito e quase sempre são cobranças contraditórias e adoecedoras. Então tente perceber como um processo de descobrimento, uma jornada sem um objetivo definido. É um esforço gigante, mas tente trocar o peso do “erro” pela consciência de que algumas ideias não são tão adequadas - e tudo bem - e esteja consciente disso quando aquela vozinha julgadora aparecer. Meu mantra é: to fazendo isso porque eu quero, não porque sou obrigada. Eu me permito ser, fazer e parar quando quiser.


A criatividade é um exercício de ver o mundo, a vida e a si mesmo com outros olhos. É tipo aquela frase do Proust, "A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, e sim em ter novos olhos”.

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