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Indicação em psicoterapia

Hoje, o afete-se decidiu abordar sobre os critérios e o momento em que podemos considerar que uma pessoa está indicada para o processo terapêutico. Segundo Ribeiro (2013), a própria indicação para a psicoterapia é um processo.

No texto, ele expõe que dizer que uma pessoa está indicada para psicoterapia significa que:

“ele (ela) está agindo disfuncionalmente e que, caso não se submeta a um processo psicoterapêutico, sua estabilidade psíquica, emocional e até físico-corporal poderá estar sob perigo (Ribeiro, 2013, p. 135).

O autor também enfatiza que a decisão de entrar na psicoterapia é precedida por vários momentos de indecisões, dúvidas e ambiguidades; acrescenta que o processo de psicoterapia começa muito antes do momento em que a pessoa decide fazê-la.

A indicação para tal atendimento, não é apenas um momento em que se diz ou verbaliza que a pessoa vá a um determinado profissional, em um dado dia, em uma determinada hora. Ribeiro (2013) compara a indicação com o processo de psicodiagnóstico, ou seja, a indicação para psicoterapia ocorre em todas as sessões, em que tanto psicoterapeuta, quanto cliente, em um processo relacional, analisam se o profissional é indicado àquele cliente, se a técnica é adequada, se o local e os outros aspectos sócio-culturais, também envolvidos, são pertinentes no atendimento daquele paciente.

A partir da concepção do psicoterapeuta, de suas limitações, abordagens e técnicas, o profissional torna-se mais apto em realizar o encaminhamento do paciente, caso ele não consiga realizar o atendimento daquele indivíduo.

Tendo em vista o exposto de que o processo de indicação à psicoterapia é um fenômeno multifacetado, o autor apresenta 4 (quatro) variáveis que fazem parte da indicação à psicoterapia são elas: tipo de pessoa/cliente; tipo de psicoterapeuta; tipo de técnica; tipos de psicoterapia.

Neste resumo será enfatizado o primeiro: tipo de pessoa e cliente. Primeiramente, Ribeiro (2013) realiza uma ressalva: “a neutralidade absoluta é um mito" (p. 138). Portanto, a pessoa do cliente em sua totalidade, com o seu gênero, sua raça, sua orientação sexual e sua posição política, enfim, todos estes aspectos estão imbricados no processo terapêutico. Estas mesmas variáveis, também se direcionam para a figura do psicoterapeuta, em que a depender, de certas características, ele pode não estar indicado a atender dado paciente.

Outro ponto evidenciado pelo autor é de que: “ todas as pessoas estão em princípio, indicadas para experienciar e vivenciar um processo de psicoterapia, mas nem todas as pessoas estão; aqui e agora, indicadas a um processo psicoterapêutico” (Ribeiro, 2013, pp. 138-139). O que isso quer dizer? Se o indivíduo encontra-se em harmonia com seu ambiente, criando espaços e novas vivências de formas criativas, sem tensões evidentes, pode ser que adentrar em um processo profundo de autoconhecimento possa não ser recomendado, pois “nem tudo que é bom é necessariamente útil” (p. 139).

Outra situação de que pode-se pensar é de um paciente que possui um equilíbrio instável, ou seja, a sua situação atual não é a ideal, mas no conjunto é satisfatória. Neste caso, cabe o questionamento se é necessário iniciar um processo psicoterapêutico no qual acarretará mudanças e a inserção de uma instabilidade, no qual o indivíduo ainda não possui o suporte interno necessário para lidar. Isso recai no que foi previamente exposto de que o processo de psicoterapia começa muito antes da decisão de iniciar de fato.

Com isso, Ribeiro (2013), apresenta três tipos de clientes que recorrem à psicoterapia:

1- pessoas com os chamados problemas existenciais: falta-lhes sentido para si mesmo e na sua relação com os outros, pessoa-mundo.

2- Pessoas ditas neuróticas: são aquelas que lidam mal com o evidente, com o óbvio. Olham e não veem, ouvem e não escutam, tocam e não sentem, cheiram e não apreciam.

3- Psicóticos: são aqueles que se dividiram ao meio, uma parte se desconhece da outra.

A psicoterapia lida com os dois primeiros grupos realizando restrições ao terceiro, em que muitas vezes necessita de intervenção medicamentosa antes de iniciar o processo psicoterapêutico.

Referências

Ribeiro, J. P. (2013). A indicação em psicoterapia. In J. P. Ribeiro. Psicoterapia: teorias e técnicas psicoterápicas. São Paulo: Summus.

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