Olá Gente
Hoje falaremos um pouco sobre a Síndrome de Burnout o que nos faz refletir acerca de quantas atividades diárias e semanais nos dispomos a executar. Com isso, pode-se incluir a nossa relação com o trabalho.
Se formos adentrar os diferentes aspectos que estão relacionados ao trabalho, teríamos que explorar infinitas teorias, e exposições críticas acerca de como o trabalho foi estruturado na sociedade, assim como as peculiaridades existentes nas diferentes formas de se relacionar com este campo. Devido a isso, iremos focar apenas em uma das patologias que podem se desenvolver a partir de uma relação não saudável com esta área.
Cabe enfatizar que o trabalho vai além de um vínculo empregatício com alguma instituição. Eles está relacionado a atividades diárias que exigem esforço e compromisso do indivíduo diariamente, fazendo parte de sua rotina. Sendo assim trabalhos informais, e relacionados a práticas diárias como estudo, também tem risco do desenvolvimento da síndrome.
Segundo Trigo, Teng, Hallak (2007), o trabalho pode ser tanto uma via de realização profissional, ou uma fonte de insatisfação e exaustão. Nesta última dimensão encontra-se a síndrome de burnout.
No texto, os autores colocam que o burnout é definido em inglês como algo que deixou de funcionar por falta de energia. É aquilo, ou aquele, que chegou ao seu limite com grande prejuízo em sua saúde mental e física. A síndrome é iniciada após excessivos e prolongados níveis de estresse (tensão) no trabalho.
Para realização do diagnóstico existem quatro concepções teóricas que podem ser utilizadas: clínica; sociopsicológica, organizacional e sócio histórica, Murofose et al., 2005, (citado em Trigo et al., 2007).
A mais utilizada é a sociopsicológica em que as características individuais, associadas a aspectos ambientais, e do trabalho, influenciam no aparecimento dos fatores da síndrome. Segundo Cherniss, 1980a; World Health Organization (1998, citado em Trigo et al., 2007), são eles:
exaustão emocional : marcado por sentimentos de desesperança, solidão, depressão, raiva, impaciência, tensão, fraqueza, preocupação, distúrbios do sono, dor lombar.
Distanciamento afetivo: sensação de alienação em relação aos outros. Sente a presença das pessoas como desagradável ou não desejada.
Baixa realização profissional ou baixa satisfação com o trabalho: sensação de que as conquistas no trabalho não possuem valor, ou não são o suficiente.
Fatores de risco para o desenvolvimento da síndrome
Os fatores de risco são considerados em quatro dimensões, sendo alguns aspectos de cada uma listados abaixo.
Organização
burocracia (excesso de normas)
falta de autonomia
mudanças organizacionais frequentes
falta de confiança, respeito, e consideração entre os membros de uma equipe
Comunicação ineficiente
impossibilidade de ascender na carreira, de reconhecimento, e de remuneração
a qualidade do ambiente físico do trabalho
Sobrecarga de tarefas; contato com outros colegas com a síndrome
Individuais
Fatores associados a um menor índice da síndrome
traços de personalidade mais resistentes ao estresse (acreditam ter domínio da situação, encaram as dificuldades com otimismo.
lócus de controle interno (responsabilizam-se pelos sucessos e fracassos de suas ações).
Auto-estima, autoconfiança e auto eficácia
Fatores associados a um maior índice da síndrome
Traço de personalidade pessimista
Traço de personalidade perfeccionistas
Grande idealismo e expectativa em relação à profissão
Presença de um alto nível de controle
Gênero (sendo mais presente em mulheres)
Nível Educacional (mais elevado)
Estado civil (solteiro, viúvos, casados) - considerando a peculiaridade de cada caso.
Trabalho
Sobrecarga
baixo nível de controle das atividades ou acontecimentos no próprio trabalho
sentimentos de injustiça e de iniquidade nas relações laborais
Trabalhos noturnos ou por turnos
Precário suporte organizacional
Conflito com colegas
Conflitos acerca de qual função ele desempenha no seu trabalho
Sociedade
falta de suporte social e familiar
valores e normas culturais
Cabe ressaltar que a partir de pesquisas realizadas, esta síndrome parece atingir em maior proporção profissionais da saúde, e profissionais da área de educação.
Consequência do Burnout
Esta síndrome afeta questões institucionais, sociais e pessoais.
Organização
aumento dos gastos devido a saída constante dos funcionários
baixa da inovação pelos funcionários
grande chances do indivíduo de largar o emprego
queda da qualidade do trabalho
Indivíduo
Físicas
Fadiga constante e progressiva
dores musculares ou osteomusculares (nuca, ombros)
dores na região da coluna
distúrbios do sono, enxaquecas
perturbações gastrointestinais
gripes e resfriados constantes
queda de cabelo
alterações sexuais
alterações no ciclo menstrual (mulheres)
Psíquicas
falta de concentração
alteração da memória
lentificação do pensamento
sentimento de solidão
impaciência
baixa auto-estima
desânimo
Além disso podem ocorrer, surgimento de agressividade, uso de substâncias (álcool, fumo, café, drogas ilícitas), comportamento de alto risco até suicídio.
Trabalho
diminuição da qualidade do trabalho
procedimento equivocados
negligência e imprudência
Sociedade
distanciamento dos familiares (cônjuges e filhos)
Podemos concluir, a partir da exposição pelos autores, que o Burnout é uma síndrome que possui fatores de risco multifatoriais e que gera consequências, tanto no nível da organização quanto no profissional, pessoal, e social.
Referências
Trigo, T. R., Teng, C. T., & Hallak, J. D. C. (2007). Síndrome de burnout ou estafa profissional e os transtornos psiquiátricos. Rev. Psiq. Clín 34 (5), pp- 223-233. doi. https://doi.org/10.1590/S0101-60832007000500004
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